Conserta no domingo

# Venho de uma geração que tinha o marketing em alta conta. Iludidos ou não, víamos os profissionais da área como gente criativa e proativa. Profissionais…

Ilustra: Rice Araujo Ilustra: Rice Araujo

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Venho de uma geração que tinha o marketing em alta conta. Iludidos ou não, víamos os profissionais da área como gente criativa e proativa. Profissionais que dominavam técnicas e sensibilidades para vender mais e melhor.

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Acho que o pessoal de marketing só perdia, em taxa de glamour, para os seus primos publicitários. Estes sim extrovertidos criativos. Profissionais que dominavam a arte de atrair consumidores.

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Mas o mundo mudou e rápido! Cozinheiros de alto padrão tomaram o lugar dos publicitários não no ofício, mas na mídia e no gosto do público. Já profissionais de marketing ganharam o negativo apelido de marqueteiros.

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Também sei que o tsunami da Lava Jata ajudou a pôr mais uma vez em suspensão o papel do marketing. Associando sua razão de ser a uma grande mentira. Mas toda generalização é burra. Na minha maneira de ver, marketing se tornou a Geni da hora. Aquela que é boa de cuspir. Isso não é nada bom.

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Uma característica marcante e notável das tecnologias digitais é a facilidade de uso. Quem vem da era das máquinas de escrever nunca para de se surpreender com a moleza de trabalhar com programas de texto.

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Ontem fiquei encantada com a barbada é que gravar vozes e pôr no site. Minha Nossa Senhora da Internet, só isso? Só isso. Imediatamente constatei o óbvio. A tecnologia é fácil até para crianças de cinco anos. A grande questão é o conteúdo.

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No mundo analógico sempre houve os campos: forma e conteúdo. Quantas discussões e paixões inflamaram essa dupla. Houve até grupos de formalistas e conteudistas. A forma segue a função, diziam uns. Não há conteúdo revolucionário sem forma revolucionária, proclamavam outros.

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Hoje esses papos parecem datados. São? Talvez só os nomes tenham mudado. Talvez a forma hoje seja dada pela tecnologia. Mas e o conteúdo? Bom, esse continua dependendo do trabalho, memória e experiência das pessoas.

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Site é ferramenta de comunicação e expressão. Mas é também ferramenta-fim. Tudo o que você posta tem potencial de vida. De curta duração é verdade. Mas a rapidez, o imediatismo, o tempo real são características do mundo digital.

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Daí em vez de nos assustarmos, o melhor é calibrar nossos ponteiros interiores com o relógio da internet. Entrar no jogo. Postar e se não der certo, ou seja, se ninguém curtir ou comentar, passar para o próximo post.

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Para quem traz o impresso no DNA é meio angustiante a ideia de publicar como se fosse um rascunho. Mas depois do choque inicial, a brincadeira fica divertida. Eu, por exemplo, não tenho temor de postar e postar.

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Se antes a gente demorava muito por conta do medo de errar, hoje podemos ser rápidos, pois o erro foi relativizado. Errou no sábado? Conserta no domingo!


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