Nunca acaba

MODELO MENTAL Ninguém é igual a ninguém. Verdade sacramentada. Por outro lado, somos mais iguais do que diferentes. Isso não tem nada a ver com saldos…

Ilustra: LS Raghy Ilustra: LS Raghy

MODELO MENTAL
Ninguém é igual a ninguém. Verdade sacramentada. Por outro lado, somos mais iguais do que diferentes. Isso não tem nada a ver com saldos bancários – neste caso sim somos mais diferentes do que iguais.

Nossa parecença tem mais a ver com os modelos mentais. Por exemplo, todos temos réguas de valores, imensa capacidade de julgar o outro, diminuta habilidade de julgar a si mesmo.

Além de sermos bons em pensar por opostos. O bem ou o mal, a lua ou o sol, certo ou errado, reto ou curvo, grande ou pequeno, bonito ou feio, amigo ou inimigo.  Lista que segue. Acho que no nosso modelo mental há dificuldades em enxergar o meio das coisas. As gradações.

Pois o mundo digital veio em cheio bagunçando os polos. Este negócio de todo mundo ter voz – o filósofo e a empregada doméstica – põe em cheque, minuto a minuto, a maior parte das maneiras de pensar que nos ensinaram.

PROVA DOS NOVES
Então hoje é o dia que acordamos com uma presidente e poderemos ir dormir com outro. Isso não será decidido pelo voto de cada um. Menos de uma centena de brasileiros mexerá no destino do país.

São dias assim que a internet escancara sua relevância. Apesar dos olhos estarem vidrados nas TVs e os ouvidinhos grudados nas rádios, é na internet que podemos procurar e encontrar a diversidade de opiniões e o tão sadio contraditório.

Faz parte da natureza dos meios de comunicação de massa – rádio, tv, jornais impressos – o modelo de poucos (muito poucos) FALANDO para muitos. Daí a tendência é a hegemonia de opiniões e magreza de pontos de vista.

no mundo digital encontramos os contras, os a favor, os nem tanto ao mar nem tanto à terra. Ou seja, no modelo todos FALANDO para todos chegamos bem mais perto da complexidade dos problemas e de esperanças de soluções.

PASSADO GUTENBERG
Em 1995, vi num museu em Londres vasta coleção de objetos encontrados no leito do rio Támesis. Havia moedinhas, medalhões, guidons de bicicleta, garrafas e até alianças de ouro. Eram marcas de coisas jogadas fora. Algumas delas, como as alianças, para que as águas as levassem para sempre.

Pois outro dia mexendo numa gaveta encontrei uma marca do passado. Era uma lauda – folha padronizada determinando números de linhas e toques. No passado Gutemberg, o editor determinava: Seu texto terá duas laudas. Nenhum jornalista escapava dessa camisa-de-força.

Então imaginem o susto do texto na internet. Sem laudas, sem limite pré-estabelecido. Se antes o redator nadava numa piscina, agora ele tem o mar. Quem vai determinar o tamanho é o conteúdo propriamente dito. E, sem dúvida, a paciência do leitor.

É claro que senti pontadinhas de nostalgia ao me deparar com a velha lauda. A gente se agarra aos objetos afetivos do nosso passado. Mas como a coleção do rio Támesis, no museu londrino, precisamos aprender a deixar as águas levarem.

NUNCA ACABA
A saudosa professora Heleieth Saffioti (1934-2010) gostava de dizer: Quando atingimos o objetivo é que o verdadeiro esforço começa. Confesso que demorei para entender a frase. Na minha cabeça, como em muitas outras, o objetivo era o porto de chegada.

Agora que trabalho no compartilhamento do meu site – o Fernanda Pompeu Digital – começo a compreender a frase da professora Saffioti. Pois o trabalho de compartilhar vai muito além das nossas redes consolidadas.

Porque tenho os amigos do Face, os colegas do Linkedin, a carteira de e-mails, mas não basta. É necessário conquistar outras gentes, outros leitores. O que significa dizer: ser 100% criativa no escaneamento de espaços potenciais.

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