Delegada Elizabeth Sato

Quando este perfil foi escrito,  faz 10 anos, Elizabeth Sato era a manda-chuva de um dos bairros mais ricos da capital paulista, o Jardins. No Distrito comandava…

A partir de foto do Edu Simões A partir de foto do Edu Simões

Quando este perfil foi escrito,  faz 10 anos, Elizabeth Sato era a manda-chuva de um dos bairros mais ricos da capital paulista, o Jardins. No Distrito comandava uma equipe de 53 pessoas. Há décadas na polícia, Elizabeth Ferreira Sato ganhou fama ao solucionar a maior parte dos casos que pousavam em sua mesa. Desde 2013 ela dirige o Departamento Estadual de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em São Paulo. É a primeira delegada a ocupar o cargo, confirmando a máxima de que lugar de mulher é onde ela quiser.

O pessoal dos Jardins – moradores, comerciantes, trabalhadores – anda muito satisfeito com a sua delegada. Também pudera, são raros os delegados titulares que abandonam o gabinete de trabalho para perseguir assaltantes pelas ruas. Ao saber que havia uns camaradas assaltando em um semáforo a algumas quadras do DP, e que seus investigadores – chamados por ela de meus meninos – tinham saído nas viaturas, Elizabeth Sato pensou: Eu também quero ir.

Pôs o revólver na cintura, se livrou do sapato de salto alto e correu atrás dos assaltantes. Ela e a equipe prenderam todos. Descalça, ao voltar para a delegacia foi aplaudida pelo povo da rua.

Alguns colegas a chamam de Japonesa. O codinome é por conta dos olhos puxados e dos cabelos negros e lisos da delegada. Elizabeth é filha de um japonês e de uma mineira. Minha mãe era uma mulata bonitona. O pai, era tintureiro. A mãe foi empregada doméstica antes do casamento.

Minha mãe trabalhava aqui no bairro, em um casa onde só podia comer restos das refeições. Elizabeth conclui emocionada: Hoje a filha dela é delegada titular do Jardins. O pai morreu em 2002; a mãe, um ano depois.

Para custear os estudos de Ciências Biológicas, ela prestou concurso para escrivã da Polícia Civil e foi descobrindo que tinha vocação para policial. De escrivã passou a investigadora de homicídios de autoria desconhecida.

Nós encontrávamos o cadáver estirado na rua. Tínhamos que descobrir o nome da vítima, as circunstâncias da morte, a motivação para o crime e, claro, o assassino. Elizabeth diz com entusiasmo: O Oscar para um investigador de homicídio é prender o autor do crime. Dar cana, como ela prefere falar, é fonte de prazer: É a grata sensação de confortar a família da vítima e, ao mesmo tempo, fazer justiça.

Dar uma satisfação aos familiares foi o que moveu a delegada no caso do assassinato e ocultação de cadáver de três jovens, durante o carnaval de 1999, em São Vicente, litoral de São Paulo. Depois de noites insones, Elizabeth e sua equipe não só encontraram os corpos, escondidos em um matagal, como indiciaram os autores do crime: quatro policiais militares.

Elizabeth Sato segue um método de trabalho: nunca usar de truculência e olhar diretamente nos olhos dos suspeitos. Os olhos não mentem, ela gosta de dizer. Seus interrogatórios não têm gritos nem palavrões: Eu chego, pergunto o nome, se é casado ou solteiro, se tem filhos. Converso até dos sonhos do indivíduo. No meio do papo, eu disparo a pergunta: me conta aí, que arma você usou no assalto? O sujeito acaba entregando tudo.

Outra missão que Elizabeth fez com gosto foi prender os ladrões de uma galeria de arte. Eles haviam roubado quadros valiosos e exigiam muito dinheiro para devolvê-los. Em uma ação cinematográfica a delegada e seus investigadores, disfarçados de entregadores de pãezinhos e biscoitinhos, deram o flagrante. Recuperaram os quadros e puseram a quadrilha na cadeia.

A Japonesa também costuma acordar no meio da noite com novas ideias para uma investigação. Tenho sempre um caderninho ao lado da cama, anoto tudo e no dia seguinte passo a limpo na delegacia. Ela garante que já resolveu muitos casos por conta desses insights noturnos.

Policial 24 horas, Elizabeth Sato ainda arranja tempo para dar aulas na Academia de Polícia e acompanhar os passos da filha. Às vezes, se dá ao luxo de ir ao cinema ou de comparecer a um evento social. Sempre levando sua companheira inseparável: Tem gente que não sai de casa sem o celular, ou sem uma caneta. Eu nunca saio para lugar nenhum sem a minha arma. Se a bolsa é pequena, eu dou um jeito de disfarçar o revólver no meu corpo.

Publicado originalmente na revista Mulheres do Brasil


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Uma resposta para “Delegada Elizabeth Sato”

  1. Avatar MARCO ANTONIO QUINTALE disse:

    PARABÉNS DOUTORA ELIZABETH SATO PELO SEU TRABALHO BRILHANTE A SENHORA DEU AULA PARA SEU COLEGA 1999 ELE FORMOU EM ESCRIPOL ESCRIVÁO DE POLÍCIA CIVIL NA ACADEMIA NA USP ZONA OESTE DA CAPITAL ELE TRABALHOU NA DECAPI E DELEGACIA DA CAPITAL EU TENHO UM SONHO A SENHORA PODERIA REALIZAR TRABALHA NO IML OU SVO NA SPTC- IC EU VEJO FAMÍLIA RECLAMA A DEMORA DE TIRA CORPO NA VIA PÚBLICA NA PC E CHAMADO DE TALÁO O MORTO.EU TAMBÉM DPS DA CAPITAL PAULISTA 1 SÉ 2 BOM RETIRO 4 CONSOLAÇÁO 5 ACLIMAÇÁO 6 CAMBUCI 10 PENHA 14 PINHEIRO 15 ITAIM BIBI 16 VILA CLEMENTINO 17 IPIRANGA 25 PARELHEIRO 26 SACOMÁ 27 CAMPO BELO 34 MORUMBI 35 JABAQUARA 36 PARAÍSO 77 SANTA CECILIA 78 JARDIM A SENHORA TRABALHOU 83 PARQUE BRISTOL 89 PORTAL DO MORUMBI 95 HELIÓPOLIS 96 BROLIM 2 SECCIOMAL DA ZONA SUL DA CAPITAL PAULISTA 97 AMERICÁPOLIS 98 JARDIM MIRIAM 100 JARDIM HERCÚLANO 101 AV ATLÁTICA 102 JARDIM DA IMBÚIAS. ALGUM DPS NÁO LEMBRO…NA RUA BRIGADEIRO TOBIAS 527 CENTRO DHPP PALÁCIO DA POLICIA CIVIL.DENÚNCIA BINGO ILEGAL NA RUA DO CURSINO S=N PERTO NO NUMERAL 3,062 PERTO DA PADARIA ADRIANA FRENTE RUA MARQUES DE LAJES O BINGO NO PORTÁO E GRADE.EU CONHEÇO ANCILA DELEGACIA DE POLÍCIA CIVIL TRABALHO NA 35 17 22 DPS EU CONHEÇO CORREGEDORIA DA POLÍCIA CIVIL N 2323 IC E NA USP…

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