Pense digital

LOUCOS Hoje a gente chama de seguidor o que até ontem chamávamos de público. Há suas diferenças: ninguém hoje é só público. Em geral, essa pessoa…

Ilustra: LS Raghy Ilustra: LS Raghy

LOUCOS
Hoje a gente chama de seguidor o que até ontem chamávamos de público. Há suas diferenças: ninguém hoje é só público. Em geral, essa pessoa também quer ser seguida. Mais apropriado chamar o seguidor de parceiro? Talvez nem tanto.

O seguidor de hoje, como o público de ontem, tem seus segredinhos. Não é muito fácil agradá-lo, melhor dito, conquistá-lo. Talvez porque tudo chegue muito fácil aos seus olhos. Um click e se abre o mundo. Pouco esforço, enorme recompensa.

Mas, como ontem, os loucos continuam por aí. No passado tinham o nome de autores. No mundo digital são chamados de produtores de conteúdo. Muitos como eu, e talvez como você, encontram sentido em escrever. Ou desenhar, filmar, gravar áudios. Grande esforço, para qual recompensa?

TÁ VIVO
No mundo digital, só interessa o que está vivo. Em outras palavras, aquilo que é permanentemente atualizado e compartilhado. Não tem refresco.

Por mais que eu tenha pensado pausada e profundamente no desenho do meu site, ele está toda hora pedindo ajustes, pequenas mudanças. Talvez isso aconteça porque a prática é sempre a melhor professora.

Sem dúvida teorizar é super importante. Estudar idem. Pois é por aí que podemos pensar objetivos, metodologias, estratégias. Mas é a prática, o fazer cotidiano, quem confirma ou deleta o que havíamos planejado.

SUSTENTÁVEL?
A imagem é gasta: Faça o que você tem paixão. No mundo offline essa paixão é coisa para privilegiados. Pois a vida – em geral dura – manda que façamos por necessidade. Para pagar contas, por exemplo.

Mas no mundo digital a jogada é diferente. Você trabalha para se expressar, formar um acervo, influenciar. Espera aí, muita gente ganha dinheiro com negócios na rede. É claro que sim. Mas não falo dos sites comerciais.

O que me importa são os sites de conteúdo. Tenho interesse por escritores, músicos, desenhistas, idealistas que alimentam seus rastros digitais. Como essa turma faz para tornar seus sites sustentáveis?

PENSE DIGITAL
Na década de 1990, eu pulava da cama todos os dias às cinco da matina para escrever meu romance Cá Camila ou uma Invenção de Alegria. Sentia orgulho do meu esforço e alimentava grandes ilusões de publicá-lo.

Depois de anos, pus o ponto final e enviei para editoras que eu estimava. Esperei em estado de sonho. Um tempo depois, uma e outra editora se dignaram em responder NÃO de forma educada. As demais fizeram silêncio sepulcral.

Tentei outras vezes. Em vão. Com tristeza pus o romance na gaveta. Água que corre, criei o meu site e estou postando o Cá Camila. Ele se tornou um romance fatiado.

Fico feliz. Afinal o o romance que não virou livro. Que não sentiu cheiro de tinta, renasce digital. Ele está no mundo.

O MUNDO É UM SÓ
Há coisas que não mudam jamais. Pouco importa se o ambiente é analógico ou digital:

Pontualidade é uma delas. É claro que a internet alargou os ponteiros. Quando a gente diz que vai postar todos os dias, interessa pouco se será de manhã ou de tarde. Mas tem que ser na baliza das 24 horas.

Determinação é outra antiguidade atualíssima. Se a gente não pegar a vontade no pulso, teremos pouca chance de sucesso dentro ou fora da rede. Porque o cotidiano é um carrossel de distrações. Bobeou, o dia acabou e a tarefa ficou.

Entusiasmo então. Dizem que é inspiração divina. Mais difícil do que pontualidade e determinação, pois vem de dentro. Mas isso não quer dizer que não possamos procurá-lo. Mesmo que para tanto tenhamos que transformar comportamentos em nós.

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2 respostas para “Pense digital”

  1. Avatar Va Luck disse:

    Delicioso texto … Creio que depois da revolução industrial (boa ou má …) o que trouxe mais oportunidades de convívio e troca de idéias foi este espaço virtual … Fantástico !

    • Avatar Fernanda Pompeu disse:

      Va Luck, o mundo virtual é fantástico mesmo. No meu caso, na minha história, ele tem sido um abre-gavetas incrível. Obrigada pela leitura. Sempre.

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