MEU PRIMEIRO PC
Em 1988, comprei meu primeiro PC. Eu morava num prédio em Pinheiros. Precisei pedi ajuda ao porteiro – Milton, saudades dele – para subir o trambolho pelo elevador. Lembrando com os olhos de hoje, meu primeiro PC era feio pra dedéu. Fora isso, vinha com DOS. Internet? Brincou!
Nesses quase 30 anos perdi na memória os computadores que tive. Fui acompanhando novidades, progressos, vitrines. Mas o que percebo – de forma bastante clara – é que as máquinas andam diminuindo seu protagonismo. Tomo como exemplo o comportamento do meu sobrinho Diogo, 23 anos.
Ele passou a adolescência grudado no computador. Se relacionava com amigos e namoradas sempre em volta da máquina. Ela funcionava como imã poderoso para a garotada. Pois agora o Diogo nem tem computador em casa. Tia, eu só uso no trabalho, fora dele só preciso do meu smartphone!
Acho que isso não acontece só com o Diogo. É que – de fato – com a internet das coisas – e futuramente, da pele, do tênis, dos olhos – as máquinas grandes parecem que serão minimizadas. É claro que não vão desaparecer – eu, por sinal, estou escrevendo num PC.
Mas talvez, em breve, eu não precise comprar e ser dona de uma máquina. Posso ir na padoca e enquanto saboreio meu expresso, teclo nos notebooks que estarão em cada mesinha. Assim do ladinho dos saquinhos de açúcares e adoçantes.
TCHAU, QUERIDA!
No dois de janeiro deste 2016, acordei com os olhos estatelados às cinco e quinze da manhã. Antes do Natal, havia sido dispensada de um projeto que amava muito. Estava mergulhada nele há três anos. O empregador alegando crise, contenção, interrupção de patrocínio saltou um: Tchau, querida!
Foi com olhos estatelados que veio a iluminação. Por que não fazer o Site que sempre desejei? Tinha certeza que ele deveria ser coisa viva. Isto é, um Site com postagens diárias e estratégias de compartilhamento. Estou nesse mergulho em mar aberto.
Às vezes é assim que funciona. Quando nos vemos sem nada, surge uma boia que nos abraça, ou que abraçamos.
AMBIENTE É OPORTUNIDADE
Quando Steve Jobs, Steve Wozniak, Bill Gates e tantos outros ensaiavam passos decisivos para o mundo digital, eu e meus colegas estávamos na Escola de Comunicações e Artes da USP, sem nunca falarmos de computadores. Na realidade, o primeiro computador pessoal em que toquei foi no ano de 1988. Um IBM genérico.
É certo que quando fiz faculdade estávamos sob a ditadura militar e sob a reserva de um mercado de informática tão rígida que esse mercado praticamente não existia. Para a maioria de nós computadores eram máquinas enormes trabalhando com cartões perfurados.
Nem por um minuto, alguém sonhava com computadores pessoais. Enquanto isso o Vale do Silício na Califórnia, já ousava muito além do rock. Eles tinham tinham gente pondo dinheiro em produtos que saiam de garagens cheias de tecnologia e inovações.
A consequência lógica foi que os americanos pularam na frente em quase todas as modalidades de computação pessoal.
O QUE ABUMBA
A humanidade sempre tem problemas. Por muito tempo, o problema foi a escassez de informações. Depois veio a dificuldade em acessá-las. Foram milênios em que uma minoria detinha informações, dados, reflexões e a imensa maioria tropeçava nas pedras da ignorância.
Com o Google e as redes sociais é quase impossível não saber, ignorar, passar ao largo. É claro que não está tudo lá. Isso é impossível. Mas há na biblioteca digital um bom pedaço do conhecimento recente. Ou, não menos relevante, direções de onde procurar.
Mas, paradoxalmente, a facilidade de postar e compartilhar nos empurrou para um big problema: a abundância! Não é apenas mar repleto de palavras, sons, imagens. Vai bem além. A internet é um oceano cercado de oceanos por todos os lados!
Então a perguntinha é: como eu apareço com meu conteúdo no meio da multidão? Eu sei que uma legião de profissionais, especialistas, pesquisadores, amadores estão tentando responder a isso. Mas até agora ninguém acertou em cheio. Creio que só a poderosa inteligência coletiva e em rede será capaz de nos dar luzes. Estou trabalhando e torcendo.
NOVO POR 1 DIA
Logo que surgiu a internet e as primeiras ferramentas digitais, todo mundo falava em Novas Tecnologias de Informação ou de Comunicação. Hoje percebo que a maior parte dos textos sobre o assunto suprimiu o adjetivo “nova”. Faz sentido.
Apesar dessas tecnologias não terem completado nem 30 anos, algumas têm menos de 10, já não cabe o carimbo de novidades. Porque tudo é tão rápido que nem dá tempo de nomear. Esse é um dos choques para mentes educadas na era Gutemberg. Incluo a minha mente, por geração e por suposto.
Fui criada com a ideia de que o tempo era o mestre depurador. As coisas, materiais e imateriais, tinham que passar pelo seu crivo. O que permanecesse por longo tempo, virava clássico, tradicional, imemorial. Mas agora, parece, que antes de virar descartável ou clássico, a coisa simplesmente morre. O Orkut, a secretária eletrônica, o disquete são exemplos.
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Pena que é verdade.
Valeu, minha irmã.