Paris e Berlin, valeu

A volta

Num muro parisiense Foto da blogueira Num muro parisiense Foto da blogueira

De volta a minha querida Sampa. Não que eu seja nativa. Nasci no garboso Rio de Janeiro. Então meu encanto pela terra da garoa, pela desvairada é amor escolhido. Esta manhã acordei cedinho, abri a porta para a rua. Sorri. Lá fui para a padoca Pioneira na rua Macunis – a dos meus cafés da manhã.
– Dona Fernanda, estava sumida.
– Viajando.
– Ah, é bom sair, né?

É ótimo sair do país. Mesmo que por parcos 20 dias. Pois fora do ovo, o olhar se aguça e o botão da observação sobe o volume. Intensifica. Os franceses apertando suas baguetes. Os alemães alegres. Os europeus com seus aeroportos domésticos – tão acessíveis à população – que mais parecem rodoviárias das cidades do interior do Brasil.

Gostei da viagem inteira, incluindo o avião de ida e retorno. Eles somaram 22 horas olhando nuvens. Abaixo delas o imenso Atlântico. Também apreciei a mim mesma. Viajei com a intenção de escrever, na melhor das previsões, três posts para o meu site. Escrevi oito! Foi divertido e concentrado.

Ano passado, no deserto do Atacama, não tive essa ousadia. Anotei impressões, nomes, emoções num caderninho. Rascunhos. Ao voltar para Sampa, redigi os textos. Eles tiveram o chamado tempo de decantação. Mas dessa vez pus o desafio de escrever ao vivo.

O melhor, sem temas predefinidos. Saía para os passeios e era meu olhar quem elegia o assunto. Particularmente forte foi escrever o post Paris – Encontros Inesperados. Uma vitrine no Quartier Latin me fez voltar 40 anos em mim mesma. Um amigo quase esquecido, resgatado.

escritório portátil em paris

Escritório em Paris

Há situações que são momentos de inflexão. É quando há uma curva, virada, quebrada de esquina. A prática da escrita em Paris e Berlin mudou algo na maneira de proceder desta escriba. Me deu mais autoconfiança, maior liberdade. Por que não? Aumentou a energia. Escritório de Paris, merci et a bientot.

Mas voltar também dá prazer. Porque o espírito vem disposto a olhar para o doméstico cotidiano de maneira renovada. Encontramos as mesmas velhas coisas (assim é a vida), porém encorajados para senti-las com novos olhos. Isso se dá por razão de termos enxergado o dentro do ovo pelo lado de fora.

Por fim, foi uma delícia encontrar e beijar mamãe. Ela – que hoje tem memória de apenas 30 segundos – abriu um sorriso interior. Recebeu a filha como se esta estivesse voltando de muito tempo atrás, de alguma lugar perdido na Cochinchina.

Mãe da escriba segurando mapa

Nete, minha mãe Foto Lucíola Pompeu

Brinde: Da janela do metrô parisiense

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2 respostas para “Paris e Berlin, valeu”

  1. Mesmo não tendo muito tempo para as pequenas coisas prazerosas, como ler, sem ser textos acadêmicos, meu universo atual, ainda guardo um tempinho para as amigas mais queridas, mas não somente por isso, pq seus posts, Fernanda, me agradam e relembro minha vida em Sampa, mesmo vc estando em Berlim ou Paris.

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