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Ouço no rádio uma moça inteligente dizer que nossa capacidade de sentir é bem maior que nossa habilidade de processar informações. Em outras palavras, somos supermulheres…

Imagem: Celso Linck Imagem: Celso Linck

Ouço no rádio uma moça inteligente dizer que nossa capacidade de sentir é bem maior que nossa habilidade de processar informações. Em outras palavras, somos supermulheres e super-homens quando o assunto são os sentidos. Talvez seja assim. Daí os arrepios que os símbolos causem. Algo grafitado no paredão do viaduto, um garoto sentindo frio, a garoa da cidade, o cheiro dos bueiros. E se no lugar de saírem ratos do buraco, brotarem margaridinhas? No primeiro quarteirão da ruela decadente, uma adolescente grávida cochicha sonhos no ouvido da amiguinha. No segundo quarteirão, um homem enrolado num coberto imundo parece mais coisa do que pessoa. Será? Não. O choque é porque sabemos que ele não é coisa. Ele é gente. Assim como de alguma maneira podemos prever boa parte da história da adolescente grávida, do garoto sentindo frio. Mesmo os desenhos grafitados no paredão do viaduto vão se desvanecer. Mas não é isso que sempre acontece?


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