Uma vida quase aristocrática. O campo, os livros, ausência de tarefas, o licor de anis, Beethoven. Pela janela acompanho o movimento das nuvens – nada mais eterno e passageiro do que elas. Penso em filmes, aviões, literatura. Me recordo da promessa de escrever bem devagarinho para desenhar as palavras atrás da perfeita tradução das ideias e sentimentos.
A magia do campo tem seu ápice nos extremos do dia. Ao amanhecer quando a luz realiza o milagre de tudo nos mostrar. Relva, galinhas, pedras, água. Ao anoitecer quando a luz se manda escondendo o mundo. Então a lareira é acendida e uma panela com fumegante sopa geme no fogão a lenha.
No entanto, minha inveterada alma urbana se sente enclausurada. Pervertida alma que se fascina com o luxo e o lixo das cidades-néon. Fernandinha, como é que seus pais te inventaram? Presumo que numa noite no Rio de Janeiro. Por conta disso tenho esse narizinho em pé.
[…] outro pedaço do mundo cumpriu essa função. Foi na Colômbia, aos 20 e poucos anos, que inaugurei minha saída ao exterior. Logo depois, mochila nas costas, foi […]