– De quantos meses você está
– Oito. E você?
– 10 anos.
– Nossa! Você vai parir um elefante?
– Não vou parir um ser vivo. É bem larga a gestação de uma ideia.
– Ah, eu sei. Por conta disso decidi gestar um ser humano. Nove meses é prazo razoável.
– Verdade. Mas quando nascer a minha ideia, ela estará pronta. Já você terá que educar seu filho por um longo tempo. Quem sabe, por toda a vida.
– Mas ideias são etéreas. Seres humanos, concretos.
– Etérea? Depende da ideia. Quando a minha finalmente ver a luz será um projeto tangível e poderá viver muito mais que um ser humano.
– Como assim?
– Será uma cadeira. Feita com arte e artesanato. Se bem cuidada viverá uns 100 anos.
– Por outro lado, sua criatura não falará, não amará, não sentará em outras cadeiras.
– Tem razão. Mas também acho que não devemos disputar qual gravidez é superior. Não se trata de uma gincana!
– Desculpe aí. Estar grávida de uma criança é garantir que a gente continuará. Que a humanidade não terminará.
– Hum. É isso uma boa ideia?
– É lógico. Sem pessoas não há cadeiras.
Grávidas
Desculpa aí!
O ser humano é a definitiva razão de ser de todas as coisas. Senão, prá quê cadeiras?
Pra que cadeiras? Beijo, Marisa querida.
Que história linda. Prova que nós seres humanos temos uma linda história para deixar aqui na terra, pois temos valores.
Marcella, muito bem observado. Abraço.