ATACAMA – Fervuras

Reconheço minha ignorância. Até esta manhã no Atacama, jamais havia ouvido a palavra Geyser. Daí quando a moça da agência de excursões frisou que precisávamos sair…

Foto: Fernanda Pompeu Foto: Fernanda Pompeu

Reconheço minha ignorância. Até esta manhã no Atacama, jamais havia ouvido a palavra Geyser. Daí quando a moça da agência de excursões frisou que precisávamos sair às 5 da matina para ver os Geysers del Tatio, intriguei. Pois o fenômeno só ocorre de manhã cedo, ela disse e acrescentou: No idioma quechua Tatio significa “pedra que chora”. Muito bem. Já sei o que é Tatio, mas continuo zero em Geyser.

Foi até bom não ter procurado no Google – o sabichão que às vezes é desmancha-prazeres. Nem perguntado para a Márcia que certamente sabia do que se tratava. Assim, subi na van com o dia ainda escuro rumo a algo desconhecido e portanto excitante. Foram quase 100km rodando pelo deserto, espreitando a lua pela janelinha. Vieram o amanhecer e os Geysers.

Como descrevê-los? Jatos de água fervendo saltando de pequenas piscinas – muito azuis e naturais. Tudo isso vindo do fundo da terra. Tudo isso a 4.320 metros acima do mar. O turista, envolto na nuvem de vapor, pode chegar perto. Mas não tanto!

O guia da excursão – dessa vez o Edgardo – apontando para um dos jatos, alertou: Este aqui é um geyser assassino! Em 30 anos matou 7 pessoas. Em janeiro passado, uma turista belga caiu no poço. Morreu na hora. A água tem 80 graus celsius. Ela estava tentando tirar uma selfie! Pensei: ah, dever ser piada. Depois, raciocinei: pode ser verdade, as pessoas andam tão enlouquecidas com autocompartilhamentos.

Medrosa, como eu só, me afastei um pouco mais dos jatos. Admirava com reverência e algum temor. Nunca medi forças com a natureza. Sempre respeitei mangues, praias, rochas, rios, dunas – velhos conhecidos. Não será hoje que vou me meter com os mistérios de um deserto. Para mim absolutamente inédito.

Depois voltamos para San Pedro de Atacama, mas no caminho paramos em um pueblito indígena. Bonitinho e mínimo. Fiquei surpresa em ver nos telhados das casinhas placas de energia solar. É claro, estão aproveitando todo esse sol em cheio, abundante! Chilenos são espertos.

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2 respostas para “ATACAMA – Fervuras”

  1. Avatar Fabio Gomes disse:

    Bom dia, Fernanda, belo relato!

    Sim, o Chile é um dos países que entendeu que o Sol é uma energia barata, abundante e limpa, imagina se o Brasil resolve aderir!

    Sobre a questão das selfies, a coisa anda muito feia. Em Portugal, duas esculturas em exposição foram quebradas por visitantes que buscavam tirar uma selfie com as obras! Fora que a gente não consegue praticamente tirar fotos ‘puras’ de nenhum monumento ou ponto turístico, sempre vai ter alguém se fotografando no nosso caminho! rs

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