Quem diante de um portão de madeira, proibido com cadeado, não tenta aproximar o olho de uma fresta possível? A última vez que fiz isso foi em Itanhaém – litoral sul paulista. Nas bandas do bairro Belas-Artes lá estava o portão de madeira separando o privado do público, defendendo o particular de curiosidades alheias. Mas e daí? Meus olhos foram puxados pelo imã que deseja ver o que há atrás das cortinas, dos muros. A vida nos bastidores. A vida do lado de lá. Acho que esse impulso é bem mais velho do que eu e você. É atávico. Os antepassados não podiam avistar uma montanha sem empreender a escalada. Só para chegar no cume? Não. O objetivo era espiar o atrás, o escondido. Mesmo que ele seja pouco. Um terreno baldio, um pasto abandonado, um rio seco. No meu caso, o rosto do meu pai.
Atrás daquela porta
Quem diante de um portão de madeira, proibido com cadeado, não tenta aproximar o olho de uma fresta possível? A última vez que fiz isso foi…
[…] de cimento, argamassa, concreto. Um muro líquido, se é que você me entende. Eu já encontrei muitos muros na minha frente. O mais alto deles é o medo. Sempre que o sinto, tremo. Quando tive a certeza que meu pai estava […]
[…] de maneira bem pessoal, não busco só pelos cafés, museus e jardins. Procuro também pelo meu pai. Pois em todas as viagens, ao aportar nos lugares, sempre telefonava para ele contando: Pai, estou […]