A foto é da Beatriz Caldana Gordon. A escrita automática, minha.
Me encho de esperança, mesmo que a razão se zangue. Esperança e Razão são duas irmãzinhas de pai e mãe, criadas numa infância comum. Mas como acontece com a maioria das irmãs e dos irmãos, elas se distanciaram na juventude. Cada uma cursou seu caminho. Radicalizam suas escolhas. A Esperança sempre generosa, acolhendo desvalidos, condenados, perdedores. A Razão senhora de si, implacável, inexorável, poderosa até. Não sei em qual ano as duas se tornaram vírus e nos pegaram. A partir daí passamos na companhia delas nossos dias e nossas noites. São um duplo. Quando a Razão enfraquece, a Esperança aparece. Vice-versa. De maneira que naquela chuva, naquela cidade, o sol foi pondo a carinha de fora. Deu seu sorrisinho maroto e pingou esperanças nos guarda-chuvas paulistanos.
Às vezes, temos que esquecer um pouco a razão para ter mais esperança.
Exatamente! Obrigada pela leitura.