Minha amiga Bel (na foto) é uma das pessoas mais elegantes que eu conheço. Seja em qualquer situação ou circunstância, a Bel tem presença. Tem gente que chamaria isso de carisma. Mas eu acho que é algo mais.
Afinal o mundo está cheio de maléficos com carisma. Tem político corrupto com carisma, empresário desonesto com carisma, pastor pilantra com carisma, apresentador de programa ruim de tv com carisma, chefe tirano com carisma, moça autoritária com carisma e lista que segue.
Depois, carisma é algo que nasce com você ou não nasce. É a tal qualidade sem trabalho. Ela é pouco interessante porque não tem processo. Parecido com torcer por um time de futebol – uma escolha sem trabalho. Você simplesmente diz: Torço pelo Palmeiras ou torço pelo Internacional. Quero dizer, há escolhas que não custam nada.
Já outras opções exigem que a gente pense, reflita, decida. Elas custam. Por exemplo, bancar para os outros o que a gente é. Não é nada fácil. Afinal o eu e o mundo se encontram e se desencontram numa zona de conflito. Há em todos o desejo enorme de voar, mas o espaço aéreo tem regras. Regras impõem limites.
Ser o que a gente é se torna a grande arte. Atravessar toda a existência batalhando pela nossa autenticidade – mesmo com ventos, marés e costumes estorvando o caminho – é coisa para os fortes.
Mas não basta ser o que somos. Temos que crescer. De fato acredito que é possível melhorar o tempo todo. Pois creio que a gente aprende o tempo todo também. Ser o que somos é a raiz. Ficar melhor é a árvore.
Existe uma charge adorável, do Diogo Salles, na qual diante de uma plateia, alguém pergunta:
– Quem quer mudança? Todos levantam a mão.
– Quem quer mudar? Ninguém levanta a mão.
Para mim a diferença é límpida. O substantivo mudança indica a coisa pronta. É genérico. Sem sujeito. O verbo mudar implica em ação. Como todo verbo precisa de pessoas, modos, tempos.
O povo 50+ sabe bem disso. Sabe o quanto é tolice resistir a mudanças. Se a gente resiste a mudar, a vida se encarrega de promover a reviravolta, mesmo que à revelia das nossas vontades.
Então a minha amiga Bel – que nasceu com carisma – também é o que ela é. Ela melhora a cada ano, a cada experiência. Eu a observo e tento aprender a me melhorar também.
Brinde
O tempo passa e as amizades que ficam vão nos percebendo melhores do que vemos (ou do que somos?).
“Teu olhar melhora o meu, Fernanda”. Gostei muito de ver-me aqui, em tuas palavras tão bem colocadas. Em palavras que por vezes são espelho e por outras farol, indicsndo-me por onde ir.
Parabéns e obrigada.
Bel, você é nascente de inspiração. Beijo.
Querida Pompeu, sempre que possível leio seus textos e me pergunto de onde surge tanta inspirações e da onde vem as diversidades de palavras, e após ler mais esse magnifico texto descubro novamente que a leitura e escrita nos permite isso, ah e sem falar que as amizades nos ajuda a ter um novo vocabulário. Que você continue publicando e trazendo vida ao nosso mundo virtual.
Gratidão pela partilha.
Sidneia, adorei você por aqui. Fico muito feliz com o seu carinhoso comentário. Você está certa: inspiração é coisa que vem das palavras e, principalmente, das amizades. Beijo, querida.