Júlia Lopes de Almeida (1862-1934)
Com a palavra:
“Pois eu, em moça, fazia versos.
Ah! Não imagina com que encanto.
Era como um prazer proibido (…)
Fechava-me no quarto, bem fechada, abria a secretária,
estendia pela altura do papel uma porção de rimas.
De repente, um susto. Alguém batia à porta.
E eu, com a voz embargada, dando a volta à chave da secretária, dizia:
Já vai, já vai”.
A Júlia é brava nas coisas do seu intelecto privilegiado. Mas penso que isso é invenção nossa. Ela não se via assim. Era, isso sim, uma formiguinha brilhante das letras, trabalhadora da pena, provavelmente incansável, sempre com suas invencionices a nos alegrar. Mas estava lá, guardadinha nas dobras do tempo, ainda que um talento e tanto, e um tanto igualmente pelo esforçado do volume de sua produção literária. E grata sou porque quem nos trouxe Júlia foi sua amiga formiguinha, mas de outros tempos, em igual talento e grandeza, a nossa querida Fernanda Pompeu.
Regina, gostei do seu comentário e muito. Tô pensando nele e confirmando que “o como” as outras pessoas nos enxergam nem sempre coincide como a gente se vê. As pessoas nos inventam (também). No mais, aproveito para desejar um Feliz Natal e um 2017 melhor. Beijo grande, F.