Sabe aquele docinho que não pode faltar em mesa de aniversariantes de 1 a 90 anos? Aquele que engorda só de olhar, mas a gente nunca aguenta comer um só? Se você pensou em brigadeiro, acertou. Chocolate, leite, manteiga, ovo, açúcar.
Mas talvez você desconheça que essa pequena pérola da doceria brasileira tenha a ver com um militar chamado Eduardo Gomes (1896-1981). Ele ficou conhecido por ter participado do primeiro levante tenentista no Forte de Copacabana. Episódio que entrou para a história como Os 18 do Forte.
O ano era 1922. Jovens oficiais estavam fartos das oligarquias agrárias no poder. Fartos da República Velha. Queriam participar das decisões políticas. Dos 18 que decidiram enfrentar as forças legalistas em plena avenida Atlântica, apenas dois sobreviveram: Siqueira Campos e Eduardo Gomes.
É claro que a partir do episódio os dois ficaram famosos. Eduardo subiu na hierarquia militar. Em 1945 ele era o comandante da Força Aérea Brasileira. Nesse mesmo ano foi lançado como candidato pela conservadora UDN (União Democrática Nacional) à presidência da República, ocupada por seu arqui-inimigo Getúlio Vargas. Gomes concorria com outro militar, o general do Exército Eurico Gaspar Dutra.
Houve lances engraçados. Eduardo Gomes era bonitão contrastando com o feioso Dutra. Daí o marketing da sua campanha, de olho no eleitorado feminino, considerado despolitizado, lançou o slogan: Vote no brigadeiro, que é bonito e é solteiro.
Entretanto, o brigadeiro de fina estampa não era muito hábil para ganhar votos e, no final da corrida eleitoral, ajudou a implodir a própria candidatura. No bom livro Brasil, uma Biografia, de Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling, consta a seguinte passagem. Eduardo Gomes decidiu posar de valente: desancou Vargas e declarou que dispensava o voto dos getulistas. Nas suas palavras: uma malta de desocupados.
Foi a deixa para seus adversários declarem que Eduardo Gomes não gostava dos pobres. Associaram a palavra malta a marmiteiros, ou seja, aos trabalhadores. Um golpe baixo. Mas também é verdade que o brigadeiro apreciava mais os frequentadores de restaurantes do que o povo das marmitas.
O fato é que o brigadeiro perdeu a eleição para o general Dutra. Em 1950, o brigadeiro tentaria a presidência da República de novo, e dessa vez perderia para o próprio Getúlio Vargas – que só deixaria o Palácio do Catete (então sede do governo federal) dentro de um caixão.
E o docinho de brigadeiro com tudo isso? Aí vai a história: durante a campanha do bonito e solteiro, eleitoras devotas organizaram festas para angariar fundos. E, para sorte nossa, inventaram a iguaria batizada de brigadeiro.
Leia sobre o maior desafeto de Eduardo Gomes
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Amei de paixão, além de bonito e solteiro (gostoso).
Opa! Viva o brigadeiro. Obrigada pela leitura. Cláudia. Beijo!
Aprendi muito com você. Texto suave e cheio de conteúdo interdisciplinar. Muitos beijos, querida amiga.
Encarnação, conteúdo interdisciplinar é tudo de bom. Obrigada, amiga.
[…] Durante o ano letivo, a preparação era intensa. A professora de educação artística dona Do Carmo mandava os candidatos decorarem as falas, Celina decorava. Exigia que eles afinassem ou engrossassem a voz, Celina afinava ou engrossava. Pedia que eles ensaiassem alguns passos de dança, Celina aprendida balé. Se a personagem era magra, Celina passava fome. Se era gorda, Celina engolia quindins e brigadeiros. […]