Imagem: Celso Linck Quem diante de um portão de madeira, proibido com cadeado, não tenta aproximar o olho de uma fresta possível? A última vez que fiz isso foi em Itanhaém – litoral sul paulista. Nas bandas do bairro Belas-Artes lá estava o portão de madeira separando o privado do público, defendendo o particular de curiosidades alheias. Mas e daí? Meus olhos foram puxados pelo imã que deseja ver o que há atrás das cortinas, dos muros. A vida nos bastidores. A vida do lado de lá. Acho que esse impulso é bem mais velho do que eu e você. É atávico. Os antepassados não podiam avistar uma montanha sem empreender a escalada. Só para chegar no cume? Não. O objetivo era espiar o atrás, o escondido. Mesmo que ele seja pouco. Um terreno baldio, um pasto abandonado, um rio seco. No meu caso, o rosto do meu pai.

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