Sentidos do Litoral

Não vou entrar na polêmica quanto ao número dos nossos sentidos. Sei que a razão afirma que são cinco. Já a emoção nos faz perceber a…

Não vou entrar na polêmica quanto ao número dos nossos sentidos. Sei que a razão afirma que são cinco. Já a emoção nos faz perceber a existência de um sexto, que chamamos de intuição. Aquela voz secreta que muitas vezes, contra toda a lógica, nos aconselha a fugir de velhas e cômodas situações ou nos empurra para desafios e aventuras. Nada que a razão explique abertamente, mas que o sentimento em segredo entende.

Ao chegar em uma cidade litorânea, como braços se abrindo num largo espreguiçar, nossos sentidos desabrocham e se expandem em novas direções. Rejuvenescemos!

Nosso olfato é seduzido pelo cheiro da maresia que parece prometer horizontes, barcos, mergulhos e navegações.

Nossa audição, como os ouvidos de um cão, desperta para os marulhos, para os ruídos dos ventos e para o chocalhar das ondas rebentando, no seu eterno movimento de morte e ressurreição.

O tato se afina e se confirma quando medimos a espessura da areia ou experimentamos a textura das pedras, ou quando os pés sentem o chamado da terra batida e pulam no chão pelando.

A visão entra em êxtase com o espetáculo da natureza que aponta, bem em frente dos nossos narizes, para a imensa estrada de água que só termina no outro lado do lado de cá, na África!

Esse conjunto de percepções abre o nosso apetite para a festa do paladar, quando com água na boca degustamos melhor o doce e o salgado. E sem pressa, não comemos cru nem queimamos a língua.

Ao chegar em Itanhaém, olfato, tato, audição, visão e paladar viram instrumentos preciosos, e irmanados compõem uma música que apenas o sexto sentido é capaz de ouvir e de cantar.

 


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Uma resposta para “Sentidos do Litoral”

  1. […] a viagem São Paulo – Itanhaém. Fiz o trajeto muitas vezes, pois pais meus moraram 30 anos nessa cidade do litoral sul de São Paulo. Recordo que na altura da Praia Grande, aos domingos, o motorista […]

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