Meu pai achava o máximo ter nascido no 21 de setembro – dia da árvore – não só porque ele se amarrava em cipós de símbolos, mas principalmente por amar frutos. Ele acreditava que o grande trabalho da humanidade era deixar filhos, trilhas, ideias para que a roda do mundo seguisse sem parar.
Nascido em 1930, acreditou que a realização máxima das mulheres era a maternidade. Eu, que nunca quis filhos, discordava é claro. Tentava mostrar que essa visão era machista e reducionista. Mas ele não arredava pé. Tanto que ao abrir sua terceira livraria, no final de 1970, a batizou de O Parto.
Na livraria O Parto, situada numa galaria paulistana na esquina da São Bento com Boa Vista, o menu era de livros políticos. Tinha Mikhail Bakunin, Alexandra Kollontai, Leon Trotsky, Paulo Freire e muito Karl Marx. O público de esquerda adorava ler, mas nem sempre pagava. Então era difícil para o meu pai fechar o mês.
Mas nunca o vi reclamar com os não pagantes. Primeiro porque ele amava livros, segundo porque era homem de esquerda que desprezava ganhar dinheiro. Ele deixou a livraria para o sócio quando, com a anistia política, retornou ao emprego no Banco do Brasil.
Árvore e parto eram uma só coisa para ele. Os dois formavam a força-tarefa da natureza. Ele via a natureza de forma bem particular e bastante diferente dos atuais ambientalistas. Para o meu pai, natureza e homo sapiens viviam em inexorável conflito. Tudo era desafio.
Não à toa seu livro predileto foi O Velho e o Mar, do Ernest Hemingway. Papai se deleitava com a história do velho e solitário pescador na batalha para fisgar um enorme peixe nos mares de Cuba. Para o meu pai vencedor era aquele que lutava, pouco importando se o resultado desse em derrota. Carrego quilos de saudades dele.
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Gosto muito de tê-lo conhecido. Beijos, Fe.
Eu sei, Cida Santos.
Beijo.
Marcos Pompeu foi uma figura marcante na Conselheiro…
Paulo, querido. Puxa, quanto tempo. Mas não importa. Tem pessoas que ficam eternamente em nós. Sua mãe, por exemplo, eu mim. Meu pai em você. Obrigada pela visita ao site. Beijo.
[…] sentir dessa perda – assim como ocorreu com a morte do meu pai em 10 de novembro de 2013, assim como ocorreu com desaparecimento de outros seres queridos – […]
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Meu pai muito bem visto sentido pela minha irmã Fernanda que ele esteja com Deus que com certeza é o seu lugar bem merecido e reservado ele amava e queria o bem de todas as pessoas ele era super do bem.
Um cara super do bem!
[…] 10 de novembro de 2013, perdi meu pai. Lá no velório, um amigo dele pediu licença para discursar. Ele exaltou o quanto o falecido foi […]
[…] é sinônimo de fazer a roda rodar. Então tome litros de entusiasmo e vamos em frente. Meu saudoso pai adorava dizer: Sem entusiasmo, sua ideia não dá dois […]