A palavra Brasília causa sentimentos controversos. Tem gente que lembra na hora de poder, centralização, ilha da fantasia, corrupção. Mas os mais sábios sabem que Brasília – a cidade – vai muito além dos seus palácios e tramoias da política.
A ideia de fundar a capital no interior do Brasil veio do Marquês de Pombal, então primeiro-ministro de Portugal, lá pelo ano 1761. O raciocínio era simples: uma capital no interior seria mais segura, pois longe do litoral estaria a salvo dos canhões de navios inimigos.
Mas a ideia entrou no modo banho-maria, até que em 1955 Juscelino Kubitschek (1902-1976), em campanha pela presidência da República, se comprometeu a construir Brasília. Virou o grande marketing de seu governo.
Eleito, o presidente bossa nova trabalhou a nova capital com uma equipe notável: o arquiteto Oscar Niemeyer, o urbanista Lúcio Costa, o paisagista Burle Marx, entre outros. O traçado do plano-piloto, em forma de avião, causou surpresa em todo o mundo.
De repente, da vastidão seca do cerrado surgiu uma cidade com cara futurista. Gostando-se ou não do resultado, Brasília é uma cidade única. Não se parece a nenhuma outra. Sua inauguração se deu em 21 de abril de 1960. Quatro anos depois viria o Golpe Militar nublando seus magníficos finais de tarde.
Porém tem uma grande turma formada por homens e mulheres – vindos dos quatro cantos do país – que não aparece o quanto merece. Trabalhadores que encheram os pés de barro vermelho e as mãos de pedras e concreto. São os Candangos – denominação coletiva dada aos verdadeiros construtores da capital do Brasil.
Pois uma coisa são ideias, desenhos, planos. Outra – mais concreta e dura – é a execução. O pôr a mão na massa. Minha tia Marlene deixou o Rio de Janeiro para trabalhar na Brasília em construção. Quando retornou me trouxe de presente uma botinha de barro. Ela disse que era o símbolo dos candangos.
Creio que a história candanga ainda está para ser melhor contada. Essa gente construtora que depois da obra pronta, na sua maioria, voltou para os locais de origem, ou foi viver nas cidades-satélites às margens do plano-piloto de Brasília.
[…] vez – faz um tempo imemorial – aconteceu um Festival de Vídeos feitos por Mulheres em Brasília. Vídeos eram então novidades, dirigidos por mulheres mais […]