13 fevereiro 2022 – Chegaram os 100 anos da Semana de Arte Moderna . É curioso juntar as palavras centenário e moderno. Mas é isso mesmo. Outra curiosidade é que a maioria das personagens, ligadas direta ou indiretamente à Semana, seguem vivas no que eu faço e, provavelmente, no que você faz.
Por exemplo, toda vez que a gente escreve curto, ou somos irreverentes com a semântica e a sintaxe, tem a ver com Oswald de Andrade (1890-1954). O bruxo-mor do modernismo escreveu o bem-humorado e bem pensado Manifesto Antropófago. Nele, a providencial advertência: A alegria é a prova dos nove.
Toda vez que levamos a sério a pesquisa da arte popular, ou nos apaixonamos pelo café de São Paulo e o leite de Minas Gerais, ou somos generosos com jovens e velhos poetas, estamos evocando Mário de Andrade (1893-1945). É dele o Pauliceia Desvariada, com 22 poemas enfáticos como a cidade.
Sei que é raro, mas quando criamos frases encantadas, ou quando viramos crianças que escrevem bem, o anjo da guarda é Manuel Bandeira (1886-1968). O recifense do: Teadoro, Teodora e da Irene que não precisou pedir licença para entrar no céu.
Nos momentos em que nos tornamos seríssimos e, apesar disso, poetas. Ou no momento em que acreditamos ser possível transformar a vida com a força das palavras, o grande mestre é Carlos Drummond de Andrade (1902-1987). Aquele que bolou o slogan do modernismo: Stop / a vida parou / ou foi o automóvel?”
Também quando juntamos militância com poesia, feminismo com boa prosa, irreverência com vida, a referência é Patrícia Galvão (1910-1962), a Pagu. Jornalista e autora do Parque Industrial – uma beleza de história, hoje caída no esquecimento mas que de repente pode ressurgir e encantar a moçada.
Há mais três mulheres da vigorosa turma das artes plásticas. Tarsila do Amaral (1886-1973) com seu famoso Abaporu – que inspirou o Oswald a escrever o Manifesto Antropófago. Djanira (1914-1979) com suas impressionantes cores. Anita Malfatti (1889-1964), autora do quadro O Homem Amarelo – obra que tirou do sério o escritor Monteiro Lobato (1882-1948).
Não esquecer jamais dos herdeiros de 1922. A saber, os tropicalistas, os concretistas, os do Teatro Oficina. Lembrar sempre do herdeiro Paulo Leminski (1944-1989), poeta de alta grandeza. Sujeito que sintetizou com precisão o desafio da escrita atual: Que a estátua do rigor e a estátua da liberdade velem por todos nós.
Apesar das 10 décadas da Semana, e de suas personagens terem partido desse mundo, o espírito modernista segue nas ruas, nos grafites, nas redes sociais, em nós. Ele ressuscita toda vez que nos entediamos com os textos de terno e gravata, com a verborragia dos poderosos, com a pompa e circunstância da prosa oficial.
PS: Notem que há muitos Andrades entre os modernistas: Oswald, Mário, Carlos. Conto a vocês, sem me comparar, mas orgulhosa com isso, que também sou uma Andrade. Está na minha certidão: Fernanda Andrade Pompeu.
Demais! É um prazer ler os teus textos amiga Fernanda beijus
É um prazer que você os leia, querida Encarnação. Bom dia!
Maravilha Fernanda Andrade Pompeu!
Rigor e liberdade.
Maravilha Fernandinha!
Rigor e liberdade é o que a gente passa a vida procurando, né? Beijo, Marilda muito parceira.
Muito bom mesmo! Adorei!
Ivana, obrigada mais uma vez! Bom feriado pra nós.
Esse site é muito bom. Conteúdo de extrema relevância. Pena que todos os sites não seja assim como este. Top, top, top!!
Obrigada, Francine. Volte que sempre tem postagens novas. Abraço.
Você tem razão. Todos que amamos a Arte e a poesia somos um pouco herdeiros desses maravilhosos escritores. Pra dizer a verdade sou fã deles, mas me considero um pouco romântica também. Amo os poemas líricos do Gonçalves Dias!
Cristina, na nossa escrita cabem todas as influências. Isso torna nossos textos mais ricos. Beijo grande e também adoro Gonçalves Dias!
Fe, não me lembro de ter lido nada mais claro e gostoso sobre os modernistas. Escrever simples assim é pra quem pode pois tem o conhecimento das coisas e das letras. Forte abraço.
Cida, minha amiga. “Escrever simples” é alta performance. Para escrever simples tive que escrever complicado por muitos anos. Valeu sua leitura.
Ah, adorei o final.
Sou modesta, né?
A mais linda poesia de Oswald:
Amor
Humor
E precisa mais?
Clelia, que bom você por aqui. Este Oswald é certeiro. Talvez “Amor, humor, amizade. E precisa mais?. Beijo, querida.
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