São três fases para se fazer uma crônica.Pois tudo no universo – abaixo e acima dele – tem três etapas. Por exemplo, nossa própria existência: nascer, viver, morrer. Toda crônica tem: começo, meio, fim. Prato brasileiríssimo: arroz, feijão, farinha.
Do mestre Lao-Tsé: O Tao gerou Um. Um gerou Dois. Dois gerou Três. Três gerou todas as coisas.
Primeira fase:
Encontrar o tema. Nem sempre é difícil, às vezes ele vem como um santo que baixa. Você está tomando um copo d´água e, antes de terminar, surge o assunto. Em dia de sorte, pode até despontar inteiro, perfeito, redondo. Mas nem sempre é fácil, de repente, vem a pergunta: Escrever sobre o quê? Silêncio de sepulcro. Aí a orientação é ir para a rua e esticar os ouvidos para frases alheias. Também ajuda assistir a um filme. Quem sabe um diálogo acenda uma luzinha na sua cabeça. Ou se inspirar no vídeo do cartunista Alpino mostrando como se faz uma charge. Também vale se refugiar no Dom Casmurro, do Machado de Assis. Todas as ideias estão lá. Se nada disso adiantar (e muitas vezes não adianta), a dica infalível é olhar para dentro de você e aguardar que o tema venha. Ele virá alegre ou tristemente. Mas virá.
Segunda fase:
Moldar a forma da ideia. O assunto será tratado de jeito engraçado? Trágico? Ele é sério ou risonho? Em geral, o tratamento crônico mistura as categorias acima. Pois a crônica é um gênero do cotidiano, das chamadas coisas pequenas. Uma crônica não se dispõe a mudar o mundo, quando muito, ela muda seu estado de espírito enquanto você lê. No ringue da literatura, ela é categoria peso leve. Por exemplo, escrever sobre a morte, o amor, o desespero, o frescor de maneira fluida. Crônica tem que ter leveza, antes de tudo. Nela, cada frase tem o efeito de um parágrafo.
Terceira fase:
Soltar os dedos no teclado. Chamo esse momento de a hora da verdade. O acaso e a teoria ficaram para trás. Agora é você e a língua portuguesa. Todas as decisões são suas. As consequências da escolha do tema, do formato da ideia, da escrita propriamente dita também. Comece, continue e termine. Depois vem a revisão: checagem de ortografias, nexos sintáticos, resultados semânticos. Aqui você deixa de ser cronista para se tornar carpinteiro. Cortar, lixar, polir. Pronto, agora é postar. O passo seguinte é com o leitor.
Conheça a coluna Sobre a Escrita
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[…] para falar da vida com beleza e simplicidade, a crônica é o gênero em que a escritora se sente mais à vontade. Não sou muito ligada em gêneros […]
Perfeito!
Valeu, querida Ivana.Bom dia!
Amei!
Fico para-lá-de-feliz. Beijo, Urivani.
Uma coluna de mestre!De quem sabe o que diz!Parece fácil escrever sobre esses passos,mas não é não!
Estamos juntas, Helena. Beijos.
[…] Tem também Como se faz uma crônica […]
Aprendendo sempre com você. Bjs.
Ana querida, valeu!
[…] de adolescentes e jovens. Nos últimos anos, busco escrever fora desse circuito. Tornei-me um aprendiz de cronista. Carrego a fama de mal-humorado. Precipitação avaliativa. Pareço sisudo e ranzinza, mas sou […]
[…] que a crônica é a mais pé-de-havaiana, rasteira, ralé, carne de segunda dos gêneros literários. Sendo o […]
[…] meu trabalho também é puro trabalho. Na cozinha do texto uso outros ingredientes. Outros instrumentos. Mas a vontade de alcançar o bom […]