Era no caminho para o grupo escolar. Casinha de madeira com janela de frente grande. Ao menos o suficiente para que eu pudesse ver o fazedor, provavelmente o dono da casa. Cinquenta anos depois, eu sei: Ele era um homem humilde ganhando a vida fazendo lápis. Essas ferramentinhas que – mesmo antes da invasão chinesa – valiam centavos.
Mas para meus olhos de menina, o sujeito era um mágico! Pois ele fabricava o objeto do meu desejo. Coleciono lápis até hoje com mais de 60 anos. É claro que escrevo em dispositivos da maçã mordida – que apesar de mãos chinesas – custam significativos dólares.
No entanto sempre carrego lápis na bolsa, no porta-luvas, atrás da orelha. Porque sei – se eu ficar muito pobre, se houver apagão elétrico, se a internet falhar, se uma guerra eclodir – com essa ferramentinha continuarei escrevendo.