Lado a lado

Muito boa a minissérie Nada Será Como Antes – veiculada pela Rede Globo. O contexto é o primórdio da TV brasileira, nos anos 1950. No série,…

Arte: Lygia Pape Arte: Lygia Pape

Muito boa a minissérie Nada Será Como Antes – veiculada pela Rede Globo. O contexto é o primórdio da TV brasileira, nos anos 1950. No série, a primeira emissora é representada pela fictícia TV Guanabara. Como ocorreu na vida real, a maioria dos pioneiros da TV veio do rádio. Assim a televisão por algum tempo foi rádio com imagens.

Como tem ocorrido com a sucessão de meios, o último que nasce ameaça o anterior. Quando surgiu a fotografia, alguns pintores se sentiram ameaçados. Para que pintar flores, se você podia fotografá-las? Com a TV muita gente preconizou a morte do rádio. Na série Nada Será Como Antes há algumas referências ao luto difundido.

Passados anos e temores, constatamos que ninguém matou ninguém. A fotografia tornou-se paixão de toda gente. O rádio segue firme nos carros e ouvidinhos. A TV ganhou poderes inimagináveis e virou a tela do cinema. Este vai bem, obrigado.

O último e atualíssimo temor que todavia persiste é o de que a internet faça do mundo impresso terra arrasada e condene ao desaparecimento, ou ostracismo, jornais e livros. Eu mesma cheguei a acreditar nisso. Mas agora tenho minhas dúvidas.

Pois resolvi fazer a experiência comigo mesma. Apesar de ter vida digital intensa: participo de redes sociais, alimento diariamente meu site, consulto com intensidade o Google, não deixei de ler jornais e revistas no papel e não abri mão do prazer inenarrável de ler livros impressos.

Também por portar a loucura de além de leitora ser escritora, resolvi começar a redação de um relato para ser impresso. Exatamente isso: a história que coça minha vontade e dedos será feita para virar livro. Objeto que usa papel, tinha, capa, contracapa.

Porque um meio, uma arte, uma experiência – como os amores – não se sobrepõem aos anteriores. Se somam. Diria até que um dá dicas para melhorar o outro.


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