Vale quanto menos pesa

Adjetivo é que nem colesterol. Há o bom e o ruim. Adjetivo e colesterol precisam ser mantidos sob controle.  No caso do adjetivo, trata-se de observar…

Ilustra: Rice Araujo Ilustra: Rice Araujo

Adjetivo é que nem colesterol. Há o bom e o ruim. Adjetivo e colesterol precisam ser mantidos sob controle.  No caso do adjetivo, trata-se de observar a sua função.

Adjetivo bom é aquele que especifica o substantivo, tornando-o mais específico:
Necessito de professores preparados.
Responda ao teste com lápis preto.
É melhor usarmos uma mesa redonda.
Texto sucinto comunica melhor do que o prolixo
Nesses exemplos, os adjetivos funcionam para delimitar: não basta ser professor, é preciso estar preparado. É vedado responder ao teste com lápis colorido ou caneta. Não serve mesa quadrada. Sucinto exclui o prolixo.

No dia a dia a falta de adjetivação causa contratempos. Se eu na papelaria peço papel sem adjetivar, o vendedor não saberá como me atender. Pois o papel pode ser
couché ou couché opaco,
branco ou amarelo,
fino ou grosso.

Já adjetivo ruim é aquele que é adorno:
O diretor comprou rosas perfumadas.
O mestre faleceu em trágico acidente.
Esmiuçando:
Rosas são sempre perfumadas.
Morrer em um acidente é trágico.

É também ruim a adjetivação abrangente:
A avaliação dos participantes foi maravilhosa.
Vi um filme interessante.

Pois maravilhosa e interessante são qualificações genéricas e subjetivas. Uma praia, uma pessoa, um almoço, um final de tarde também podem ser maravilhosos e interessantes.

Moral da postagem:
Parcimônia com o uso dos adjetivos.
Preferência aos que ajudam o substantivo.
Cuidado com os adjetivos de efeito.
No mercado da língua: substantivo é ouro, adjetivo é bijuteria.

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9 respostas para “Vale quanto menos pesa”

  1. Avatar zé bento - portuga disse:

    Perfeito

  2. Avatar Fabio Gomes disse:

    Nos anos 90, apelidei (para consumo próprio – risos) o estilo de alguns colunistas do jornal Zero Hora, de Porto Alegre, como ‘floresta de adjetivos’ – em sua maioria, elogiosos, caracterizando os textos mais como declarações de fãs do que como análises críticas.

    • Fernanda Pompeu Fernanda Pompeu disse:

      Oi, Fabio, bom te encontrar por aqui. Antes de mais nada veja que eu facilitei a área dos comentários. Desisti do DISQUS – muito complicado. As pessoas falavam: “Queria comentar no seu site, mas é tão complicado”. De fato, depois que tirei o Disqus, os comentários passaram a rolar. Tô escrevendo tudo isso, pois fiquei devendo uma explicação do uso do Disqus pra você. Ainda bem que não dei. Como está o seu blog, indo bem? “Floresta de adjetivos” é ótimo! Beijo grande.

  3. Avatar Fabio Gomes disse:

    O blog está ótimo, Fernanda. Na verdade, nem estava pensando mais no Disqus, tentei implantar mas achei realmente bem complicado. A maior repercussão do meu conteúdo acaba sendo no Facebook mesmo. Beijo, sucesso pra nós!

  4. […] cortantes. As personagens dizem o preciso, os leitores complementam. Alguém já escreveu que os adjetivos existem para não serem usados. Rulfo não só acredita nisso, como põe em prática. Sua prosa é […]

  5. […] servirá. Então é tomar o café e sair à caça! Mas as palavras, entre elas, são distintas. Os adjetivos são mais exibidos e abundantes. Os substantivos formam a elite, convencidos de seu poderio. Os […]

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